sexta-feira, 31 de julho de 2009

Desvendando Paulo. O apóstolo dos gentios. ( 2 )


CONVERSÃO
A conversão de Saulo se deu por volta dos anos 33 ou 34 d.C.. Converteu-se sem a pregação do evangelho por parte de outro homem (Gál.1.11-12). Afinal, quem pregaria para Saulo? O próprio Ananias ficou temeroso quando Deus lhe enviou a orar por aquele que era conhecido como o grande perseguidor da igreja (At.9.13). Uma conversão sem pregação constitui-se exceção. O normal é que alguém pregue o evangelho para que outros se convertam (Rm.10.14).


Saulo e sua escolta (não sabemos quem eram) tinham quase completado sua viagem de cerca de 240 quilômetros, que deve ter levado por volta de uma semana. Quando se aproximaram de Damasco, um lindo oásis cercado pelo deserto, perto do meio-dia, de repente, uma luz do céu brilhou ao seu redor (v. 3), mais clara do que o sol (26:13). Foi uma experiência tão gloriosa que ele ficou cegado (v. 8,9) e caiu por terra (v. 4), “prostrado aos pés de seu conquistador”.


Então uma voz dirigiu-se a ele (em aramaico, 26:14), de forma pessoal e direta: Saulo, Saulo [Lucas mantêm o original aramaico, Saoul ], porque me persegues? E, respondendo a pergunta de Saulo sobre a identidade daquele que falava, a voz continuou: Eu sou Jesus, a quem tu persegues (v. 5). Imediatamente, Saulo deve ter entendido, pela forma extraordinário como Jesus se identificou com os seus seguidores, que persegui-los era perseguir a Ele, que Jesus estava vivo e que suas afirmações eram verdadeiras. Assim obedeceu prontamente a ordem de levantar-se e entrar na cidade (v. 6), onde lhe seriam dadas outras instruções. Enquanto isso, os seus companheiros de viagem, pararam emudecidos, ouvindo a voz, não vendo, contudo, ninguém (v. 7).


Eles também não entenderam as palavras do orador invisível (22:9). Mesmo assim, guiando-o pela mão, levaram-no para Damasco (v. 8). Ele, que esperava entrar em Damasco na plenitude do seu orgulho e bravura, como um auto-confiante adversário de Cristo, estava sendo guiado por outros, humilhado e cego, capturado pelo Cristo a quem se opunha. Não podia haver dúvidas sobre o que acontecera. O Senhor ressurreto aparecera a Saulo. Não era um sonho ou uma visão subjetiva; era uma aparição objetiva de Jesus Cristo ressurreto exaltado. A luz que viu era a glória de Cristo, e a voz que ouviu era a voz de Cristo. Cristo interrompeu a sua impetuosa carreira de perseguidor e fez com que se voltasse em direção contrária.

PRIMEIRAS VIAGENS APÓS A CONVERSÃO

Em Gálatas 1, Paulo apresenta seu itinerário após a conversão para mostrar que não aprendeu de nenhum apóstolo a doutrina cristã:

Damasco (At.9.8)

Deserto da Arábia – Gál. 1.17

Damasco – Gál 1.17

Jerusalém – 3 anos depois da conversão, onde esteve 15 dias com Pedro – Gál. 1.18. Seu objetivo nesse ponto era deixar claro que não esteve com Pedro tempo suficiente para aprender com ele as doutrinas do cristianismo.

Síria e Cilícia - Gál. 1.21 – Esteve, por aproximadamente 10 anos, morando em sua cidade natal, Tarso. Talvez tenha passado esse período sozinho. Tinha sido rejeitado pela família, pelos judeus e encontrava dificuldades entre os cristãos, pois estes tinham receio dele. Por suas epístolas, entendemos que muitos não aceitavam seu apostolado pelo fato de não ter vivido com Jesus. Em Atos 1, na hora de escolher o substituto de Judas Iscariotes, Pedro apresentou os requisitos: o candidato deveria ter acompanhado Jesus desde o batismo de João até a ressurreição (At.1.21-22). Portanto, se Paulo estivesse ali, não seria escolhido para ser apóstolo.

Antioquia – Por fim, Barnabé foi até Tarso à procura de Paulo e logo depois conduziu-o a Antioquia da Síria, onde passou a participar da igreja (At.11.25-26). Antioquia foi o oásis de Paulo. Barnabé foi aquele irmão de que Paulo tanto necessitava para introduzi-lo no convívio cristão. Em Antioquia Paulo permaneceu um ano.

Jerusalém – Depois disso, Paulo foi a Jerusalém com Barnabé e Tito afim de levar a ajuda enviada pelos irmãos de Antioquia (At.11.27-30). Era então o ano 47 ou 48, 14 anos depois de sua conversão, conforme Gálatas 1.18.

Antioquia – Paulo volta para Antioquia, que passou a ser um tipo de "quartel-general".

De acordo com os Atos e as epístolas, entendemos que Paulo era um homem muito instruído, tanto em relação ao judaísmo quanto na filosofia grega. Contudo, seu conhecimento espiritual sobre os mistérios de Deus sobrepujava a tudo isso. Era também homem impetuoso, disposto e extremamente zeloso em tudo.

A EVANGELIZAÇÃO DOS GENTIOS.

Pedro iniciou a evangelização dos gentios em Atos 10, mas isso não foi algo natural para ele que era um judeu de Jerusalém. Somente após um arrebatamento, uma visão e uma palavra direta de Deus, é que Pedro admitiu a idéia de pregar aos gentios. Paulo, porém, era um judeu romano. Isso facilitava sua visão rumo aos povos não judeus. Deus o escolheu para essa missão: ser apóstolo aos gentios (At.22.21; Gál. 2.2,8).

Nas cidades em que chegava, Paulo normalmente ia primeiro às sinagogas (At.13.13-14, 42-48; 14.1; 17.1-2). Ainda não havia igrejas ou templos cristãos nesses lugares. Por outro lado, ele ainda honrava os judeus com a primazia no anúncio da fé cristã. Entretanto, eles não viam por essa ótica. As pregações nas sinagogas terminavam com a revolta dos judeus. Paulo era expulso, agredido e muitos queriam até apedrejá-lo. Desse modo, ocorria um escândalo em público, mas a essa altura, alguns judeus já haviam se convertido. Até as disputas em praça pública eram proveitosas para que os gentios ouvissem a palavra de Deus. Com esse grupo de convertidos se formava a igreja e as reuniões mudavam de local (At.18.4-7).

PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA – entre os anos 47 e 49 (At.13 e 14)
Paulo esteve durante algum tempo participando da igreja em Antioquia. Esta cidade era muito importante. Chegou a ser uma grande metrópole ainda nos tempos dos reis gregos da Síria, os selêucidas. Após a conquista por Roma, continuou como capital da província e ali se encontravam os governadores romanos. Era bela, com muitos palácios e templos, dentre os quais se destacava o Santuário de Apolo. Nessa cidade havia uma grande colônia judaica, correspondendo à sétima parte da população.
Estando reunido com os irmãos em Antioquia, Paulo recebeu uma direção do Espírito Santo para empreender sua primeira viagem missionária juntamente com Barnabé. Partiram então, levando João Marcos.
Eis o roteiro da primeira viagem missionária de Paulo: Antioquia da Síria; Ilha de Chipre (Salamina e Pafos); Antioquia da Psídia; Icônio, Listra, Derbe; Perge; Antioquia da Síria.
No meio da viagem, Marcos abandonou o grupo e voltou para Jerusalém. Por esse motivo, Paulo não quis levá-lo em sua próxima viagem (At.13.13).

TERCEIRA VISITA A JERUSALÉM-Após a primeira viagem missionária, Paulo faz sua terceira visita a Jerusalém, por volta do ano 49. Nessa oportunidade ocorre a famosa discussão dos apóstolos sobre o que deveria ser exigido dos gentios convertidos no que se refere à observância da lei mosaica. (At.15)

SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA -Entre os anos 50 e 52 d.C. (At.15.40 a 18.22)
Terminado o concílio de Jerusalém (At.15), Paulo e Barnabé voltaram para Antioquia, levando consigo Judas, chamado Barsabás, e Silas. Alguns dias depois (At.15.36), Paulo inicia sua segunda viagem missionária, em companhia de Silas, com o principal propósito de visitar as igrejas estabelecidas nas cidades anteriormente visitadas.
Eis o roteiro da segunda viagem: Antioquia da Síria; Cilícia; Listra; Frígia; Galácia; Trôade; Macedônia/Grécia: Filipos; Tessalônica; Beréia; Acaia; Atenas; Corinto; Éfeso; Jerusalém; Antioquia da Síria.
Em Listra, Timóteo entrou na equipe de Paulo. Em Trôade foi a vez do médico Lucas. Paulo ficou um ano e meio em Corinto, ocasião em que estabeleceu a igreja. Daí escreveu aos Tessalonicenses.

TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA – 53 a 58 d.C. (At.18.23 a 20.38).
Tendo ficado "algum tempo" em Antioquia (At.18.23), Paulo parte para sua terceira viagem missionária.
O apóstolo muda então sua "base" para Éfeso, que passa a ser sua cidade de retorno. Ali esteve durante dois anos (At.19.10). O versículo mencionado diz que toda a Ásia foi evangelizada naquele período. Portanto, parece certo que Paulo fez diversas viagens às cidades da Ásia Menor, voltando sempre para Éfeso.
O itinerário da terceira viagem foi: Antioquia da Síria, Galácia, Frígia, Éfeso, Macedônia, Grécia, Trôade, Mileto, Tiro e Cesaréia.

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